Governo vê diesel da Petrobras passar R$ 0,40 do preço internacional e pressão por corte aumenta.

O governo federal vê que o preço do diesel praticado pela Petrobras está acima do valor de referência no mercado internacional, considerando que o litro está sendo vendido no Brasil até R$ 0,40 mais caro do que o preço internacional.

Essa diferença tem gerado crescente pressão para que a Petrobras realize uma redução no preço do combustível. Representantes do Executivo, ouvidos pela Folha, destacam que uma redução no preço do diesel pode ajudar a controlar a inflação, um ponto de preocupação para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A alta do diesel no início de 2025 aumentou o custo do frete, alimentando ainda mais a pressão sobre o governo. Embora alguns setores do governo considerem a diferença entre os preços nacional e internacional um "absurdo", a gestão evita uma intervenção direta na Petrobras, defendendo que a própria estatal, com a ajuda da sua diretoria, deve avaliar as circunstâncias de maneira mais detalhada.

Esse grupo de acompanhamento de preços inclui a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, e outros dois executivos da companhia. O último reajuste do diesel pela Petrobras ocorreu em fevereiro, quando a empresa aumentou o preço médio do combustível para distribuidoras em 6%, elevando o valor para R$ 3,72 por litro. Esse foi o primeiro aumento no combustível em mais de um ano.

Desde então, o cenário mudou, com a valorização do real frente ao dólar e a queda do preço do petróleo no mercado internacional, criando um ambiente mais favorável para uma possível redução nos preços. De acordo com o governo, o diesel está, pelo menos, R$ 0,20 mais caro do que seria considerado adequado, com base nos preços internacionais. Quando se usa o mercado russo como referência, a diferença chega a R$ 0,40 por litro. A redução desses valores pode gerar uma diminuição de entre 5,3% e 10,7% no preço do diesel.

Atualmente, o preço do diesel praticado pela Petrobras nas refinarias é em torno de R$ 3,00. No entanto, considerando a mistura de biodiesel, os custos de distribuição, revenda e os impostos, o valor final pago pelo consumidor chega a uma média de R$ 6,43 (dados de pesquisa realizada até 15 de março de 2025).

A Petrobras, sob a nova política comercial implantada no terceiro mandato de Lula, adotou uma estratégia de reajustes menos frequentes, com a intenção de garantir preços mais estáveis no mercado. O governo demonstra compreensão com essa abordagem, pois a empresa visa evitar aumentos inesperados e garantir um “colchão” para absorver volatilidades futuras nos preços.

A estatal monitora constantemente as condições do mercado internacional e sua possível repercussão nos preços internos, afirmando que a prática de não repassar a volatilidade externa tem sido uma forma eficaz de proporcionar estabilidade aos consumidores.

Magda Chambriard, CEO da Petrobras, afirmou que a política de preços tem sido bem-sucedida, ressaltando que o objetivo de "abrasileirar" os preços foi alcançado, sem repassar para os consumidores as flutuações dos preços internacionais do petróleo e do câmbio, mantendo os preços competitivos no Brasil.

Autor/Veículo: Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis).