
Queda no lucro da Petrobras levanta preocupações sobre uso político da empresa.
A redução de 70,6% no lucro da Petrobras em 2024, que caiu para R$ 36,6 bilhões, reacende as preocupações sobre a possível repetição de erros de gestão que quase levaram a empresa à insolvência durante os mandatos petistas anteriores.
No último trimestre de 2024, a companhia registrou um prejuízo de R$ 17 bilhões, revertendo o lucro de R$ 31 bilhões obtido no mesmo período de 2023. Embora a maioria dessa queda seja atribuída a fatores pontuais ou influências externas, a situação ainda é preocupante.
A principal razão para a piora foi a variação cambial, que impactou o endividamento e os resultados contábeis de subsidiárias no exterior, sem afetar diretamente o caixa da empresa. Além disso, o preço do petróleo caiu 2,3% ao longo do ano, e as margens de refino diminuíram cerca de 40%, tendência observada em todo o mercado. A produção de petróleo também foi reduzida em 3% devido a paradas de manutenção, mas sem indícios de problemas operacionais graves.
A maior preocupação está nos investimentos, que somaram R$ 91 bilhões em 2024, um aumento de 31% em relação ao ano anterior. Esse crescimento superou as previsões,
gerando dúvidas sobre a necessidade de um aumento contínuo dos investimentos para atender às demandas do governo, que utiliza a Petrobras como uma ferramenta para suas
metas políticas.
A consequência direta dessa piora operacional e aumento dos investimentos foi a redução da disponibilidade para o pagamento de dividendos. A empresa distribuiu R$ 9,1
bilhões no quarto trimestre, o que ficou abaixo das expectativas de mercado. No total, os dividendos do ano somaram R$ 75,8 bilhões, mas há preocupações sobre possíveis novos
cortes.
Esses resultados negativos levaram à queda de até 9% nas ações da Petrobras, destacando o debate sobre se a priorização de investimentos mais rentáveis seria uma alternativa melhor do que uma maior remuneração aos acionistas. O ponto central, no entanto, é como as decisões estão sendo tomadas.
O histórico de utilização política da Petrobras, que já levou à acumulação de dívidas massivas e à falta de eficiência no passado, continua fresco na memória. Se a gestão atual optar por seguir o mesmo caminho, o país e a empresa podem enfrentar novos problemas.
A vigilância das autoridades e a transparência nas decisões são essenciais para evitar o retorno de erros que marcaram a história recente da Petrobras.
Autor/Veículo: Folha de São Paulo.